Todos nós já fizemos aquela pausa para pensar se o coiso a que nos estamos a referir se chama distintivo ou insígnia.
Pois bem, vamos deixar esclarecido esse assunto em que é comum haver alguma confusão e troca de nomes.
O significado das palavras é coisa importante, por isso, espreitemos o que o dicionário nos diz.
Ajuda um bocadinho…
No que respeita aos distintivos e insígnias do CNE a distinção entre um nome e outro é muito simples e faz-se da seguinte maneira:
Distintivo: são aqueles coisos que servem para distinguir entre uns e outros, ou quem é quem. Não temosque fazernada para ter e usar. São eles: distintivo de Agrupamento, Regional, Núcleo, Marítimo, Portugal, de Bando/Patrulha/Equipa e de Função.
Insígnia: são aqueles coisos que servem para mostrar um grau ou etapa, algo que se atingiu ou em que se participou. É algo em que temos que fazeralguma coisa, trabalhar para ou participar em, para ter direito a usar. São elas: Insígnia de Promessa, Progresso, Especialidade, Secção, Campo, Cavaleiro da Pátria, comemorativas e de actividades.
Ficou fácil, verdade?
Se serve para distinguir e não requer esforço é um distintivo.
Se necessita de esforço, participação ou assinala uma etapa é uma insígnia.
Dois exemplos, só para ter a certeza que ficou claro.
Coiso de Agrupamento: serve para? Distinguir os elementos de um determinado Agrupamento. Só esses elementos é que o utilizam. É necessário fazer alguma coisa especial para ser daquele Agrupamento? Não, então é… um distintivo! Muito bem.
Coiso de Campo: serve para? Assinalar quantas noites de campo um elemento tem. Sim, é necessário fazer alguma coisa e participar em actividades a que correspondem essas tantas noites de campo. Portanto é… uma insígnia. Excelente!
Há só uma pequenina excepção… 😉 a Insígnia do Escutismo Mundial. Esta está presente em várias peças da farda e é utilizada por todos os elementos. Não distingue nada nem é preciso fazer nada para ganhar. Mas, como é só uma, é fácil de recordar isso.
E pronto, é isto.
Esta é uma das minhas canções preferidas de Fogo de Conselho. E do repertório escutista mesmo. Por essa razão, pensei que seria um bom tema para o primeiro post deste blogue. Acompanhas-me enquanto escrevo sobre ela? 🙂
Já agora, queres ouvir?
Começo por dizer que não sei quem a escreveu, nem que compôs a música. Isto porque gostava mesmo de lhes agradecer!
Gosto desta canção porquê? Por várias razões: pela mensagem que encerra já que o autor conseguiu captar (de uma forma incrível) a essência do Escutismo e do que é ser Escuteiro; pela melodia suave que enche o coração e pelas (tão boas!) recordações que traz de cantá-la ao redor da fogueira acompanhado de bons amigos e irmãos escutas, ao som da guitarra ou da harmónica.
“São dias que passam
São horas que vão
São lábios que cantam
São mãos que se dão
E deixam saudades de não ser assim
Toda a vida, a vida de agora”
Esta estrofe começa por descrever como decorrem os dias nos Escuteiros, na preparação e na concretização de projectos e actividades. Daquelas actividades que marcam. São dias que passam, são horas daquelas que parecem voar, de tão boas que são. Os lábios que cantam são uma parte muito importante da vivência escutista: os cânticos, a alegria, a boa disposição de espírito. As mãos que se dão são os laços que criamos, a camaradagem e o espírito que desenvolvemos com aqueles com quem partilhamos todas essas horas. São aquelas amizades verdadeiras que ficam para a vida.
E tudo isto, porque foi (e é) tão bom, o que mais poderia deixar, se não… saudades, claro! De quê? De não ser assim toda a vida. Mas saudades daquelas mesmo fortes, que apertam cá dentro do peito.
“É tempo, é tempo, de aprender a ser
Sorrindo por dentro e sempre a crescer
Pisando o caminho, esquecendo o talvez
O deserto de um homem sozinho”
É tempo de aprender a ser. Aqui está resumido um dos pilares do Escutismo: cada um é o principal actor e motor do seu desenvolvimento. Através da envolvência, enquadramento e das vivências proporcionadas pelo Escutismo, cada um é desafiado a desenvolver-se a si próprio e a descobrir-se como pessoa. Única, individual e ao mesmo tempo fazendo parte de um todo, para o qual contribui e do qual também recebe.
O objectivo? O crescimento e o desenvolvimento integral de cada um como ser humano, tal como descreveu B.P. como sendo o propósito do Escutismo.
Agora, isto de desenvolver uma pessoa não é algo propriamente fácil. Ás vezes é difícil mesmo. Vai daí o apelo à boa disposição de espirito com um expressivo sorrindo por dentro.
Desenvolver uma pessoa também não é algo que aconteça do dia para a noite. É mesmo suposto que dure toda a vida… razão pela qual fica lançado o mote: sempre a crescer. Nota bem: sempre!
No entanto, esta coisa do desenvolvimento tem os seus ‘quês’ e a canção procura explicar-nos isso. Não basta ficar parado, à espera que aconteça. É preciso pisar o caminho. Percorrê-lo. Tal como acontece num raide. Ás vezes parece que ainda falta tanto, que é tão longe, que é tão a subir… A mochila às vezes parece pesar tanto… Ou então é aquele sol abrasador que nos torra as costas ou os pingos grossos da chuva que nos ensopa até aos ossos… Ás vezes custa mesmo. Mas são essas dificuldades que temperam o caminho, que puxam por nós e que nos fazem crescer e superarmo-nos a nós próprios. Que nos levam a deixar o talvez e as dúvidas e a substituir tudo isso por certezas e convicções.
Como sempre, e também aqui, cada um faz o seu caminho. É uma experiência individual porque cada um a sente da sua e à sua maneira, mas podemos ter a certeza de que não estamos sós. A nossa Patrulha, os nossos amigos e Alguém lá em cima que se preocupa connosco, todos eles, estão sempre lá para nós. Podemos, portanto, estar seguros que conseguiremos deixar o deserto (que é) um homem sozinho e que este caminho nunca o fazemos sós.
“Tudo quanto penso, tudo quanto sou
É grande, é imenso, é tudo o que dou
E ao dá-lo, recebo e fico maior,
Do que sou, quando me nego”
Esta parte é fácil! Cada um de nós, pessoa, resultado desse tal crescimento e desenvolvimento, na sua individualidade, naquilo que pensa e que é, é único, é grande, é imenso. Saber isto desperta-nos a consciência para a diferença, para a tolerância, para aceitar aquele que não é como nós, que pensa de maneira diferente da nossa. E isto é muito importante nas relações com os outros.
A canção apela-nos a dar tudo o que somos. Mas porquê? Fácil outra vez: porque ao dar esse tudo quanto somos, recebemos e ficamos maiores. Aqui encontramos outro pilar do Escutismo: o Sistema de Patrulhas. Cada elemento coloca ao serviço da Patrulha o seu esforço individual e o que sabe fazer de melhor. Sendo que cada elemento tem a sua função, que é diferente da dos outros e que se complementam entre si, a soma de tudo isso será um todo, necessariamente muito maior do que cada um conseguiria alcançar por si só. Magnifico, pois é?
E é esse ensinamento e modo de fazer que devemos transpor do Escutismo para o nosso dia-a-dia. Quer seja no trabalho, na família, na escola ou como membros da sociedade, cada um de nós é parte de um todo, para o qual é chamado a contribuir e do qual recebe.
Ah! E fica a chamada de atenção para aqueles momentos de desânimo que todos temos. Quando não apetece… Se dou tudo,fico maior do que sou quando me nego. Pois é… É mesmo assim que devemos viver a vida. Dar tudo! Colocar empenho. Entusiasmo. Alegria. Energia. Atitude. Não ficar pelo suficiente, pelo mais fácil ou até não se importar de todo…
“Criança era ontem, cresci e esqueci
A aposta da vida ganhei e perdi
O risco me trouxe até ao que sou
Nunca basta a vida que foi”
Esta estrofe como que “embrulha” as ideias anteriores e resume a vida tal como ela é: ontem começámos por ser crianças e entretanto crescemos.
Agora um pormenor delicioso: com uma palavra apenas chama-nos a atenção para algo muito importante: ao tornarmo-nos adultos, por vezes esquecemo-nos de alguns ensinamentos e coisas importantes que aprendemos em criança. Tendemos a ficar mais complicados, a esquecermos pequeninas coisas que são, afinal, muito importantes. E isso não devia acontecer… A nossa criança interior devia continuar a fazer parte de nós.
A vida tem altos e baixos por isso, algumas vezes ganhamos e outras perdemos. É a vida… Mas é assim. O importante é não nos acomodarmos, não nos deixarmos desanimar com os ‘baixos’, desfrutar dos ‘altos’ e aproveitar a energia que eles nos emprestam.
Porque nem sempre temos certezas sobre tudo, ás vezes é preciso arriscar e isso leva-nos até ao que somos. Porque é um risco, podemos enganar-nos. Acontece… Não podemos é ficar parados, nem desanimar com as contrariedades.
Nunca basta a vida que foi. Este é o apelo que canção nos deixa ao terminar. Diz-nos que não valem a pena aqueles sentimentos nostálgicos como “no meu tempo é que se faziam bem as coisas”, “dantes é que era a sério” e ficar apegados ao passado. Ou então pensar que já chegámos ao topo ou até que já sabemos tudo. O passado de cada um de nós é o caminho que pisámos e que nos trouxe ao que somos hoje. Mas o que somos hoje nunca deve bastar. É importante que continuemos cada dia a sorrir por dentro e sempre a crescer. E, já agora, a dar sempre e tudo quanto somos.
Assim (quase de certeza!) vamos conseguir honrar a nossa promessa de Escuta e, tal como nos pediu B.P., deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrámos.